terça-feira, 18 de maio de 2010

Bancos públicos reduziram juro para atender "emergência"


Bancos públicos reduziram juro por "emergência".


O aumento da taxa de juros para o crédito pessoal e o cheque especial pela Caixa Econômica Federal, segundo pesquisa do Procon-SP com 10 bancos entre os dias 3 e 4 deste mês pode ser um indicativo de que os bancos públicos só reduziram suas taxas para atender uma emergência. A avaliação é do economista e superintendente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo.
A Caixa, segundo o levantamento do Procon-SP divulgado ontem (14), elevou o juro do crédito pessoal de 4,39% em abril para 4,78% ao mês em maio e o do cheque especial, de 6,75% para 7,15% "A decisão da Caixa de elevar a taxa de juros ao consumidor agora pode ser um demonstrativo de que, quando abaixou, o fez dentro de um esforço que não tinha como mantê-lo permanente", diz o economista da ACSP.
Ele lembra que as instituições financeiras têm uma margem para mexer nos juros e que, quando esta margem é ultrapassada, pode significar um grande esforço. Ele também não vê nenhuma relação entre o aumento de juros da Caixa para o consumidor com o esforço do governo em arrefecer o aquecimento da economia. "Este aumento está condicionado ao aumento da Selic", afirma Solimeo ao se referir à elevação de 0,75 ponto porcentual da taxa básica de juros da economia em abril de 8,75% para 9,50% ao ano.
"Só veremos se este aumento de juros ao consumidor é uma tendência ou não mais à frente. Um dado de um único mês não pode ser tomado como uma tendência", diz o superintendente da ACSP. Ele explica que a média de juros sobre o consumo depende da composição da carteira de clientes de cada instituição. "Isso pode refletir impactos para cima ou para baixo", explica.

"Acho que a economia está crescendo, mas a base de comparação é fraca", afirma o economista superintendente da Associação Comercial, referindo-se ao baixo desempenho da economia e, mais especificamente, das vendas do comércio varejista no primeiro semestre do ano passado. Ele destaca ainda a antecipação da demanda no mês de março - as vendas do comércio varejista de março cresceram 1,60% na margem com ajuste sazonal e 15,70% na comparação com março do ano passado, de acordo com PMC do IBGE - por conta do fim do desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bens duráveis e carros.
De acordo com Solimeo, para se ter certeza se as vendas do varejo vão manter o ritmo de março só a partir do segundo semestre. "Penso que agora o mercado vai entrar na normalidade e isso facilitará a análise", explica. Ainda de acordo com o economista da ACSP, a inadimplência no setor tem caído por causa do aumento do emprego, da renda e do prazo de pagamento no varejo. O prazo dado pelo varejo para o consumidor de produtos da linha branca pode chegar até 24 meses. "Mas dados do Banco Central para as várias linhas de produtos mostram que voltamos a praticar prazos semelhantes aos que eram praticados antes da crise. E quanto maior o prazo, menor são as prestações", conclui o economista.

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